Tuesday, October 17, 2006

Vênus

Prelúdio:
Este poema foi feito à uma pessoa passageira, mas nem por isso com uma história menos interessante. Não tinha qualidades exorbitantes. Não era nem gorda nem magra. Não era inteligente e nem burra, nem boa, nem má. Não era por que não precisava ser. No fim das (curtas) contas, descobri que era uma musa. Ora, uma musa não é prendada, não é modelo, não é professora nem freira e muito menos é a mulher da sua vida. Uma musa é a sua inspiração. É o sopro divino que insufla as velas de um navio humano qualquer e o faz seguir viagem. Sua beleza era Helênica, e à sua imagem oferto estas linhas.

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Vênus

Teus seios são fartos
Tuas coxas são grossas
Tua mão é sedosa
Teu delta é de mel

Teu gosto é lascivo
Teus olhos, profundos
São tudo no mundo
Pra bom menestrel

E quando me embrenho
Na mata cerrada
Com alma arraigada
Num teso tropel

Descambo em deleite
Nos ombros da luz
Na tez cor-de-leite
Nos braços do céu
22/12/05

Wednesday, September 27, 2006

apologies

Prelúdio:
Como diz o título, desculpem. Aliás esse post é basicamente sobre desculpas. Primeiro desculpas pela demora em atualizar. Vez por outra não é de vez em nunca! Vossa ira é justa e condizente. Sorry. Em segundo lugar, desculpas ao mundo pela minha aparência física deplorável. uahuahuaha. Este poema é de 2002, 3º colegial. Enjoy

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Eufemismo

Beleza, beleza, beleza,
Que falta tu me fazes
Queria contigo fazer as pazes
Mas parece que de mim tu nem te lembras mais

Que piegas ingrata és, beleza,
pois fui teu quando infante
mas teu gosto intolerante quase me mata
se não fossem os meus pais.

Tuesday, August 15, 2006

PRESTE ATENÇÃO AO PRELÚDIO!!!!

Prelúdio:

Entendeu? Preste atenção aqui. Antes de ler o texto que se segue é muito, MUITO MUUUUUUUUUUUUUUUITO necessário que se tenha visto o filme "cronicamente inviável" (http://www.osfilmes.com.br/cronicamente/). Se você não viu não seja um auto estraga-prazeres, pare de ler ao final dessa frase e assita primeiro ao filme. Afinal de contas esse post não vai fugir daqui nem ser deletado (MAS SE FOSSE NA *&%$%5$%7 DO TERRA ELES RAPARIAM O BLOG FORA Q NEM FIZERAM COM O MEU FLOG AQUELES FILHOS DA http://i37.photobucket.com/albums/e94/brandon1979/puta.jpg)


Hum... assistiu? Gostou? Então, continuando na linha de acadêmica esse texto foi um trabalho de antropologia, onde tínhamos que assitir ao filme e cometá-lo, associando-o a conceitos vistos em tectos de Roberto DaMatta e Gilberto Freyre. è um texto relativamente longo (3 pg), mas vale a pena ler. Como já dito, é imprescindível (?) ter visto o filme antes de ler o seguinte texto. Já os textos de Roberto e Freyre não se fazem tão necessários, uma vez que seus conceitos estão devidamente explicados e identificados no trabalho. Eu gostei muito desse trabalho também. Tirei 8. Bosta.

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AGUDAMENTE LEGÍVEL


Cronicamente inviável é um filme que faz muito jus a seu título, isto é, nos mostra uma inviabilidade da sustentação descente de ser, crônica, fechada. Em outras palavras, o filme nos mostra vários “tumores” pelos quais, segundo tal visão, estamos fadados a perecer. Impregnado de uma melancolia que quase nos induz à passividade total, este filme relata um Brasil decadente, hipócrita e medonho, porém seu conteúdo é tão profundo que pode ser atrelado à um estudo da mente humana atual.
A visão mais do que pessimista filme contrasta com as visões dos autores estudados, que sabem que o Brasil não é o Paraíso, tampouco o inferno.
Antes de tudo, porém, para facilitar as elucidações deste que lhes escreve, é preciso ter em mente a chave fundamental para o entendimento (ao menos parcial) do Brasil: a palavra “depende”. Esta é uma quase ideologia brasileira onde o que é pode ser não sendo- o de fato, e o que não é pode acabar sendo (ou não) se comparado com a coisa certa. Explico: somos a nação que Einstein adoraria conhecer, pois o depende nada mais é do que uma popularização extremada da Relatividade. Seguindo nesta vertente podemos encontrar uma das bases da filosofia do “jeitinho”. Segundo daMatta o jeitinho é uma “pessoalização” do impessoal. “A lei é igual pra todos, mas no meu caso é diferente...” Para se iniciar a aplicação prática do “jeitinho” é preciso que emissor e receptor tenham algo em comum, por mais banal que seja. Então se dá a negociação, de forma que a lei não seja quebrada, mas só um pouco “diminuída”.
A mais profunda raiz dessa “pessoalização”, segundo Sérgio Buarque, está na nossa origem ibérica, onde a cultura predominante era justamente esta de tornar as relações as mais pessoais possíveis. Chegamos aos arquétipos do aventureiro e do trabalhador: o aventureiro, correspondente a nós, anseia por riqueza fácil e se foca tanto no objetivo que os meios tornam-se secundários. Talvez a frase “os fins justificam os meios” provenha de algum “aventureiro”. Já o trabalhador se concentra mais no meio, nas dificuldades a vencer. Este se encaixa perfeitamente com os praticantes do protestantismo, que são mais metódicos que os católicos.
Numa outra ponta desta pessoalidade está a tão dita “cordialidade” do brasileiro. Esta cordialidade nada tem haver com bons modos em si, mas com atitudes tomadas com o coração. Ora, se o nosso jeito é de tornar pessoal a tudo e a todos, as atitudes com relação aos mesmos serão, portanto, cordiais. Exemplos podem ser vistos no filme como na cena em que o índio é espancado e Buhr diz que ele poderia ter “comido” a mulher do policial. A atitude deste seria, então, cordial, pois adultério não é mais crime implicante a tal punição (aos olhos da lei).
Esta cordialidade é citada muito enfaticamente pelo carioca responsável pela ONG Viva Rio. É, para ele, oriunda da miscigenação racial e motivo de profundo orgulho de seus conterrâneos. Este debate do qual participaram o Carioca, a Sulista e o Índio tem um caráter singular, onde os três tentam estabelecer a identidade nacional de acordo com seus valores , culturas e ideologias regionais. Cada um se proclama responsável pela identidade nacional, esquecendo-se da fragmentação étnico cultural que compõe o Brasil,num juízo prepotente de valores.
No que diz respeito ao carnaval, podemos encontrar uma total contradição entre as visões de Sérgio Bianchi e Roberto daMatta. Uma frase que representaria bem a visão daquele é a seguinte: “Pra que serve, então, depois de adulta, se fantasiar de ouro e prata e desfilar em uma rua fechada, quase como um curral, ladeada por camarotes, onde continua a estar seus senhores?” Segundo Bianchi, o carnaval é um ritual de aceitação de submissão, por parte do dominado, por ter uma réstia de esperança de um dia tornar-se dominador. Por outro lado temos a visão de daMatta, que consiste em um carnaval “integrador”. Neste evento, momentaneamente experimentar-se-ia a utopia da igualdade social, da não hierarquia, onde “podemos vadiar sem ser criminosos, e assim fazendo, experimentando a sublime marginalidade que tem hora pra começar e hora pra terminar”.
Aí abramos um parêntese para um ponto de reflexão. Filosofando, o autor deste texto desenvolveu a idéia de que a maior e mais singular diferença entre o ser humano e os demais habitantes do planeta é o prazer. É uma idéia interessante se percebermos que nossas ações são movidas por uma busca de prazer, se não imediato, a posteriori. A ânsia humana por felicidade (portanto prazer), a ambição no prazer de ter, a exploração do mais fraco culminando no prazer de ter poder e assegurar a continuidade deste prazer, tudo está direta ou indiretamente relacionado ao prazer. Um prova cabal disto é a idéia que daMatta faz do uso do corpo no trabalho e no carnaval: “No trabalho estragamos,submetemos e gastamos nosso corpo. No carnaval isso também ocorre , mas de modo inverso. Aqui, o corpo é gasto com prazer...”
O filme também explora a hipocrisia, de várias formas. Uma delas é o falso moralismo com que age Maria Alice, na cena em que distribui brinquedos, pouco se importando se faz realmente bem ou não. Neste pedaço pode ser feito um elo entre Maria Alice e o filme Dogville, de Lars von Trier, onde os personagens parecem bons, mas com o desenrolar da trama mostram sua face cruel. Há também a cena em que Adam e o outro garçom estão na sauna gay, onde este admite sua participação nos atos copulativos, sem contudo admitir a sua vertente homossexual: “Fingimento até na putaria?...”
É interessante também a relação de Bianchi com os empresários brasileiros. Aparentemente eles sempre teriam uma mácula em suas carreiras, como a exemplar gerente do restaurante que não passava de uma traficante de órgãos e crianças. Eles estariam ligados diretamente ao trambique, tão bem explicados por Carlos, onde ele diz que tal atividade é costumeira e acobertada pela bagunça criada pelas autoridades.
Alguns recursos usados no filme são muito interessantes, como a “repetição” de cenas. Estas são, em verdade, refeitas, sempre com a versão posterior mais ainda pessimista que a primeira. Expressam mais ainda a “inviabilidade crônica” que sofremos (ou que sofrem os que caem em nossas mãos).
Ainda numa cena refeita, temos uma seqüência pitoresca na sua segunda versão e na cena seguinte. Uma madame atropela um garoto de rua. Há a negação desesperada da culpa, não com a mesma comoção da primeira, mas há. Joga-se, então, a culpa nas autoridades e por fim nos pais da criança, um menor abandonado. Então, a mulher desvia seu carro do “empecilho” e vai embora. Segue-se a cena que talvez seja a unicamente otimista neste filme catastrófico. Uma família de mendigos, onde a mãe zela pelo filho exemplarmente. Ela ora por ele e conversa sobre valores morais, conversa esta que não foi registrada em momento algum com os outros pais ditos civilizados. Fica a dúvida: quem os corromperia em verdade, as necessidades ou a sociedade tão exemplar que simplesmente desvia o seu carro e não cuida do problema?
Em suma, enquanto os autores se fixam nas “brasilidades” o filme aprofunda-se em sua análise mental que transcende o universo brasileiro e acaba por analisar a mente humana, de uma forma apocalíptica, seca e cética, que nos faz realmente pensar e que nos faz esquecer de perguntar quem somos e de onde viemos, para nos preocuparmos para vamos...”cague sempre fora de casa, ame o Pai e mate-o, entupa o planeta de gente e devore o que sobrar”...

Ps : Nenhuma referência a foi feita a Gilberto Freire devido ao antagonismo adquirido por mim ao ler imbecilidades “românticas” em seus “textos” tais como: “...desde os primeiros momentos da colonização, constituíram-se harmonicamente, sem conflitos de caráter violento...” ou “a bondade do negro que o impede de rebelar-se e o leva a aceitar os tratamentos rudes” (referindo-se a escravidão) ou ainda “...pela doçura que marca as relações senhor/escravo no Brasil”. Para este senhor eu deixo a seguinte frase: “A senhora [o] é uma filha da puta e sempre foi. Eu prefiro o doutor Carlos que assume. A senhora [o] nem sabe que é”....

Sunday, August 06, 2006

o grito

Prelúdio:
Pois então, depois de um período de férias cá estou eu a entulhar-lhes com versos inúteis que, se Deus quiser, trazer-me-ão, em breve, alguma glória (e não estou falando daquela vizinha boníssima do seu maruga). hehehe, como vc podem ver a inspiração não acabou. Pois quem sabe nunca nem tenha começado.... ou não... viu, viu, isso que dá postra ouvindo sistem a meia noite e poco no foninho ....
Bão, esse soneto eu fiz pra um trabalho da facu. O trabalho era sobre a dualidade humana... Na verdade era sobre o filme " Dog Ville", que no fim das contas trata da mesma coisa. Adorei meu trabalho. O professor não. Bicha! Mas permanece um retrato da minha mediocridade acadêmica. Bela, medíocre, mas ainda bela (sob certos aspectos tão obscuros que não eu sei quais são uhauauhauha). Ei-lo, pois:
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O GRITO

Percebo-me, na forma, uma semente, um quase atrito
Meu peito se deforma e se estilhaça num delito
Agito de um humano, todo humano, é quase regra
É morte, é vida, é seca, é chuva, é paz e é conflito

Carrego, meio morna, a indagação sobre o meu mito
Quem sou, meu Deus, me informa: sou matéria ou sou detrito?
Aflito, eu cogito a tal essência que me torna
Um bom,o Bem, um anjo e um capeta ao infinito

Por vezes me comparo, eu vejo é tão machadiano
“Traiu ou não traiu?”, eu preso o puro e o que é profano
E teimo em disfarçar o que é anormal ou esquisito

Mas tudo é tão difícil, é tão atroz, é tão Caetano
É duro disfarçar que sou tão louco, sou mundano
Meu peito é desumano, é mais que um plano, é mais que um grito!

Friday, June 30, 2006

Prelúdio:
Bem amigos da rede globo, chegamos ao final desta espetacular série (ei, o que vc vai fazer com esse tomate?). E parafraseando o título eu reafirmo: sim, este é de longe o poema mais chutado de todos. Foi escrito num busão da passaro marrom. Talvez por isso tenha saido tão vagabundo. Ou não. O caso é que este é o soneto de fechamento da série, o soneto que descreve o querido estojão preto onde eu guardava todos os outros queridos componentes que me ajudaram nesta dispendiooooosa jornada do tédio (se tempo é dinheiro... enteram? Hã, hã?.... desculpe, é que eu acabo de assistir Bob Esponja). Aniway, o soneto saiu tão estranho que ficou parecendo uma música (talvez por ser uma quase redondilha...bah!). Bom, chega de bolodório, com vocês o último soneto, o incrívelmente magnânimo e sabe-se-lá-mais-o-que, ooooooooooooooooooooooooooo:

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Cântico de exaltação ao estojo

Ó carcaça enegrecida

Cujo bojo é tão quadrado

Com tua rede bem tecida

E beiral plastificado


Fazes bela a minha vida

Pois carregas bem guardado

A caneta colorida

E o meu lápis bem usado


Duas canetas, uma cola

As borrachas carambola

A tesoura e o estilete


Mais negão que coca-cola

Este estojo é pra escola

O que a vaca é para o leite


Monday, June 19, 2006

agora é só esculhambação

Prelúdio:

E é mesmo. Todos os poemas bonitinhos já foram. Agora meu filho, só sobraram os podreiras mesmo. Mas nem por isso eu renego estes filhos verminosos meus. Este é o penúltimo soneto da série e foi feito para um lápis velho do CNA (roubado de lá também, é claro) que eu gostava muito porque consegui, num dia de muito tédio e longas aulas de história da arte, talhar com o estilete o meu nome neste neste fiel objeto amadeirado. Foi com ele que escrevi a maioria dos meus sonetos. Mas a gente não cria os filhos pra gente, mas pro mundo. Então, à exemplo das canetas do soneto passado, este lápis botou as asinhas fibrosas de fora e bateu asas da Grande Mãe Preta, o estojo, que é descrito no último soneto da série. Por hora fiquemos com o meu saudoso lápis roubado, talhado e perdido, e com os meus erros crassos gramaticais e de concordância, que eu "sem-vergonhamente" cubro com o já desbotado manto da "licença poética", o grande véu salvador dos ignorantes, dos desatentos e dos preguiçosos.

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Ao meu finado pau
Ao meu finado pau
Com recheio de grafite
Eu dedico este soneto
(Onde foi que tu caíste?)

No teu corpo longo e duro
Já vai longe a juventude
Era pau pra toda obra
Era pau só de virtude

Mas sumiste (e afinal)
Foi teu ar tão jovial
Que inspirou estes pagãos

Grande dúvida abissal
Onde foi parar meu pau
Deve andar em outras mãos...
O O

Monday, June 05, 2006

ciganas

prelúdio:

Isso mesmo. Essa é a tradução do título deste soneto. Uma das coisas que eu mais gosto nele é a idéia do verso transcender o próprio verso. É como se a frase fosse grande demais pra caber num verso, então ela continua em outra. Outra sarda nessa ruivinha linda é sua aliteração. Lembra das figuras fonéticas, lá da oitava série? Tipo "rato roeu a roupa do rei de roma" ou "sabia que o sabiá sabia que você saiba assobiar"? Então! Esse soneto foi feito para todas as ciganas vermelhas, pretas e azuis que passaram pelo meu querido estojo.

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Gipsy

Quem sou? Quem são?
São tão dispersas nesta pensão
Algumas ficam e outras não
São amistosas então se vão

Se vão pra onde, na imensidão?
Sibilam preces na escuridão?
Sem fim começo (começarão
A ser só sombras), e sobrarão?

Se sobressaem na sucessão
Desenfreada da obrigação
E somem secas nesta sucinta

Página branca, neste borrão
E vão-se embora sem meu perdão
No que deixaram- rastros de tinta